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Viagem a Gumushane - Turquia PDF Versão para impressão Enviar por E-mail

Alunos e professores da EBI Monsenhor Elísio Araújo em Gumushane (Turquia)

Entre o dia 1 e 7 de Abril de 2009, quatro alunos do 9º ano (André Oliveira, Mariana Leitão, Ricardo Pimenta e Vânia Pereira), e quatro professores da E.B.I Monsenhor Elísio de Araújo (Alexandra Gonçalves, Angelina Cunha, Cristina Marinheiro e Henrique Matos), estiveram envolvidos no Projecto Comenius de Parceria intitulado “Diversity of  Cultures in Common European Home”, tendo viajado até à Turquia, mais concretamente a Gumushane.

Nesta parceria, para além da escola anfitriã Maresal Çakmak Anadolu Ogretmen Lisesi de Gumushane – Turquia, estiveram também presentes delegações de escolas da Eslováquia, Roménia, Polónia, Espanha Lituânia e Portugal.

A aventura iniciou-se às 4 horas, em frente à igreja paroquial de Vila Verde, ponto de encontro e partida da comitiva, com destino ao Aeroporto de Vigo.
Foi a bordo de um avião da Spanair, que iniciamos a nossa longa viagem e na qual se deu o baptismo de voo de três alunos. A viagem foi interrompida, inesperadamente, em Istambul, devido às condições atmosféricas que nos impediram de seguir viagem até Trabzon, parte oriental da Turquia, junto ao Mar Negro.

Centro de Pico de Regalados

Apesar de não ser possível cumprir o programa previamente estabelecido, uma vez que as escalas aéreas nos obrigaram a permanecer um dia em Istambul, acabou por ser um dos momentos marcantes desta viagem.

Efectivamente, estar um dia na antiga Bizâncio, capital do Império Bizantino, mais tarde Constantinopla, capital do Império Romano do Oriente, e a partir de 1453 Istambul, capital do Império Otomano, permitiu-nos a oportunidade de conhecer a famosa mesquita de Sultanahmet, também conhecida por mesquita Azul, um dos símbolos da Turquia Otomana. Foi a primeira de inúmeras mesquitas visitadas, o que possibilitou a alunos e professores usufruírem da beleza estética dos edifícios, mas também, se imbuírem do espírito religioso que deixam transparecer. O descalçar os sapatos, o cobrir a cabeça das senhoras, assinalou a separação entre o espaço sagrado e o profano.

Ali mesmo ao lado ficava também a mesquita-museu de Hagia Sofia ou Santa Sofia, que mereceu uma atenção muito particular dos professores de História presentes na comitiva, uma vez que se trata de um dos monumentos marcantes da História da Humanidade. A estadia em Istambul obrigava necessariamente, a uma visita a este marco da história do cristianismo.

Preocupações mais profanas levaram-nos se seguida ao Bazar, e por estarmos em terras de comerciantes, a ida ao Arasta Bazar obrigou rapidamente a uma adaptação às estratégias negociais orientais, em que, nestes espaços comerciais, a política do preço fixo não existe e entre vendedor e comprador se assiste a um “duelo” negocial que parece não ter fim e na qual as estratégias mais impensáveis acabam por ser válidas. Durante o tempo que permanecemos no Bazar tivemos mais uma experiência muçulmana. Por todo o lado, ecoavam cânticos, que inicialmente associámos à música ambiente do espaço comercial em que circundávamos. Não! Era o muezim, que pelos altifalantes instalados nos minaretes das mesquitas chamavam os fiéis à oração, cinco vezes ao longo do dia, segundo os preceitos religiosos.

Depois do almoço no Hotel “Akgun Istambul”, iniciamos nova visita panorâmica à cidade que nos levou, entre outros lados, ao bairro de “Besiktas”, na parte europeia do Bósforo, onde se encontra o estádio de uma equipa muito conhecido pelos amantes do futebol.

Centro de Pico de Regalados

O trânsito da cidade, a visita frustrada à antiga residência estival do sultão (Palácio Dolmabahçe) que se encontrava fechado, a passagem por um miradouro, que nos permitiu visionar mais detalhadamente o estuário do Corno de Ouro e contemplar a parte asiática de Istambul e o adiantado da hora, obrigou-nos a regressar ao Hotel, já que se aproximava a hora de embarque no Aeroporto Ataturk, perfazendo assim, 24 horas, antes de chegar à etapa final, da nossa viagem intercontinental.

Apesar do contratempo, ninguém ficou aborrecido com a estadia em Istambul, que nos permitiu conhecer melhor a Turquia monumental.

Após uma viagem aérea tranquila, finalmente chegámos a Trabzon, por volta da 1:30 horas, onde nos esperavam os nossos simpáticos anfitriões: o director Hasan Tas, os professores Rasim Keles, Bayram Ylmaz, Mehmet Ozcelik e a professora Seçil Salantur.

De Trabzon a Gumushane separavam-nos cerca de 100 Km, por uma estrada de montanha, com neve em alguns sítios. Passavam já das 5.00 horas quando chegámos ao destino final, esperando-nos pouco mais de três horas de cama até começarem os trabalhos na “Maresal Çakmak, Anadolu Ogretmen Lisesi”.
Gumushane é uma localidade situada no nordeste da Turquia, em plena Anatólia, rodeado de montanhas, que em tempos remotos foi conhecida pela riqueza das suas minas de prata e ouro.

Recebidos pelas autoridades da escola e pela administração educativa regional, a sessão de boas-vindas consistiu, para além da apresentação de pequenos números musicais e de teatro por parte de alunos turcos, na intervenção de cada delegação nacional em que se davam a conhecer as tradições em torno das festividades da Páscoa, temática central do programa desta visita de intercâmbio.

Durante o período da tarde, a escola anfitriã apresentou um conjunto de actividades culturais em torno do “Newroz”, festividade turca que assinala o equinócio da Primavera, que consistiu na realização de jogos populares, apresentação de danças tradicionais de que se destaca o, sempre presente, “Horon”, que envolveu toda a comunidade e que lançou os alunos e adultos turcos numa frenética dança, onde os participantes das diferentes delegações procuraram acompanhar, da melhor maneira possível.

O primeiro dia em Gumushane terminou com um jantar, na biblioteca da escola, entre professores envolvidos no projecto e a comunidade docente da escola turca. Foi possivel degustar as tradicionais “Çig Kofte” almondegas de carne crua e a “Pidé” pizza turca. Ainda antes de recolher ao Hotel, os professores fizeram uma breve visita à cidade de Gumushane, principalmente à sua mesquita. Os alunos, entretanto, foram com as famílias de acolhimento, integrando-se na vida familiar turca.

Os dois dias seguintes, foram integralmente ocupados com visitas ao património cultural e histórico regional. O dia 3 foi passado em Bayburt e Erzurum e o dia 4 em Trabzon.

Bayburt e Erzurum obrigavam a uma incursão, de cerca de 300 Km, no interior da Anatólia.

Em Bayburt, para além de uma paragem no Liceu “Rekabert Kurum Bayburt, Anadolu Ogretmen Lisesi” para um pequeno lanche, realizamos de autocarro, um passeio panorâmica pela cidade e uma visita ao seu castelo.

O objectivo final do dia era a visita à cidade de Erzurum, capital da Província com o mesmo nome, famosa pelo seu artesanato em couro e metal, mas também, importante entroncamento de comunicações com as regiões vizinhas do Irão e do Iraque. O contacto com populações de traços físicos muito próprios, a visita aos locais mais significativos, como a Madrassa do Duplo Minarete ou a cidadela Mashid que remonta ao século XII, bem como a ida ao Bazar tradicional dedicado ao artesanato típico e a passagem pela mesquita local, e uma breve passagem pela estância de esqui, constituíram os passos centrais da visita a Erzurum.

Depois do jantar, fez-se o regresso a Gumushane, recomendando o retemperador descanso, uma vez que o dia seguinte seria também dedicado ao património regional, agora em direcção ao litoral na zona de Trabzon.

O mosteiro de Sumelas, dedicado à Virgem Maria, está situado na região de Maçka, cravado na montanha, a 300 metros de altura, fundado, segundo a tradição, no século IV, e adquirindo a estrutura actual no século XIV. No século XVIII o mosteiro sofreu obras de restauro tendo sido decorado com frescos.
Depois de almoçar num restaurante em Trabzon, junto ao Mar Negro, uma salada de vegetais com feijão, arroz bulgur, “Kofte”, hamburgers turcos, acompanhado por um iogurte líquido, saboreámos ainda uma deliciosa sobremesa à base de massa folhada, avelã e mel, de seguida, visitámos a igreja de Ayasofia, construída no século XIII, transformada em mesquita no século XV, pela ocupação Otomana.

A parte final da estadia em Trabzon foi passada num moderno centro comercial “Forum Trabzon”.

Antes de regressar ao Hotel e às casas das famílias de acolhimento, fez-se uma breve paragem num café, para se tomar um chá.

A manhã do último dia em Trabzon foi passada na escola, onde, depois de uma recepção pela direcção da mesma, se fizeram as apresentações dos trabalhos produzidos pelas delegações nacionais sobre as festividades da Páscoa e da Primavera, que permitiu um contacto mais próximo com a comunidade escolar de Gumushane, uma vez que professores e alunos visitaram a exposição, podendo degustar algumas das especialidades trazidas dos diferentes países. Os “doces da romaria”, os “beijinhos” e os “confeitos”, trazidos de Portugal fizeram as delícias de quem os provou, acompanhados, por quem podia beber, de um cálice de vinho do Porto.

Vestidos com camisas, lenços e adereços tradicionais, os docentes portugueses levaram um pouco mais da sua cultura e tradições regionais.

Centro de Pico de Regalados

O programa educativo e cultural terminou em beleza com uma visita às grutas de Karaca e a um museu local em Gumushane que reproduzia o interior de uma mansão turca, onde estavam expostas roupas, adereços, mobílias e objectos do quotidiano.

Depois de uma passagem pelo centro de Gumushane para as últimas compras, realizou-se no hotel, onde estavam hospedados os professores, um jantar de despedida, com a participação da maioria do corpo docente da escola anfitriã e com a presença do governador da província de Gumushane, o senhor Enver Salihoglu. Foi um jantar onde se trocaram votos de felicidade e de estímulo à continuação destes projectos de parceria entre escolas que fomentem a aproximação entre as culturas, as pessoas e os povos. Neste jantar a música portuguesa e o inevitável “Horon” animaram os participantes, de molde a deixar em todos saudades que estes momentos sempre produzem.

Foi sem dúvida, uma experiência muito agradável e enriquecedora tanto para alunos como para professores, gerando laços de amizade e recordações inesquecíveis.

 
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