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A romanização em Ponte S. Vicente e CoucieiroA Citânia de S. Julião constitui um marco importante na Arqueologia portuguesa, porquanto nela se efectuaram investigações fulcrais para o estudo da ocupação humana no Minho e na bacia do Cávado no primeiro milénio a. C.
No topo aplanado do monte, onde está situada a capela de S. Julião, assim como nos tabuleiros da encosta voltada a Este, dispõem–se variados vestígios arquitectónicos do antigo povoado. Distinguem–se três linhas de muralha e vestígios de uma quarta no quadrante leste/nordeste, assim como restos de habitações dispostas na encosta leste e na plataforma superior do monte. O povoado apresenta uma cronologia de ocupação bastante ampla, desde o Bronze Final até ao período romano. Dos inícios do povoado (séculos XI/IX a. C.) detectou–se uma estrutura defensiva circundante —talude de terra com pedras na base e fosso — assim como pisos de cabanas do Bronze, localizadas no cume da elevação. Os aglomerados do Bronze Final seriam relativamente pequenos, embora com uma dinâmica de crescimento da primeira para a segunda fase desse período. Os vestígios mais expressivos, observáveis, correspondem à Idade do Ferro (séculos VIII a.C./I d.C.), sendo visíveis as linhas de muralha de pedra e as ruínas de um torreão, bem como casas castrejas circulares, ligadas por pátios lajeados. Algumas estruturas apresentam alçados com aparelho poligonal. O local foi inicialmente investigado na década de 30 do século XX. Foi contudo nos anos 80 que o local ganhou maior expressividade, com a classificação como Imóvel de Interesse Público (1982) e com as sucessivas intervenções arqueológicas da Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho. No derrube de uma das muralhas, na década de 80, foi descoberta uma estátua de guerreiro galaico, de grande qualidade artística, com o saio profundamente decorado, bem como o cinturão, embora sem a cabeça. No escudo redondo (caetra) foi gravada a seguinte inscrição: MALCEINO DOVILONIS F(ilius). O significado destas estátuas é muito discutido, podendo representar antepassados míticos ou príncipes, responsáveis pelo governo das capitais de povos e dos respectivos territórios. Tendo em conta este achado, bem como a dimensão do povoado e o seu posicionamento num ponto geoestratégico dominante e central, a Citânia de S. Julião é considerada a capital de um povo cujo nome se ignora. O território desse povo seria delimitado a Norte pelos cimos da Serra Amarela; a Leste pela Serra do Gerês; a Sul pelo rio Cávado; e a Oeste pelas cumeadas que do Maciço da Boalhosa (721 metros) descem para sul, terminando no Monte do Castelo, onde também se ergue um esplêndido castro com várias linhas de muralha. A ocupação tardia da Citânia de S. Julião foi documentada pela recolha de cerâmica romana, prolongando–se de forma residual até ao século III. Texto e imagens retirado de http://www.castrenor.com e adaptado. |
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